Os símbolos têm alto poder de decifrar e servir como abreviatura para os sentimentos humanos, podendo até ser utilizados para medir a satisfação de funcionários
Se um dia você duvidou do profissionalismo que envolve o uso dos emojis no ambiente de trabalho, você deveria repensar. Luke Thomas é fundador da Friday, startup de software que, por meio de um aplicativo, é capaz de auxiliar os gestores a gerenciar times remotamente. Por muito tempo ele lutou para avaliar o humor de seus funcionários, usando questionários de rotina rápidos e simples, que visam medir o progresso e objetivos atuais das equipes.
Vendo que não obtinha atingia o potencial desejado nas tentativas, Thomas passou a adotar um método que envolvia 3.304 símbolos coloridos – os quais conhecemos como emojis. Agora, as imagens são parte da rotina dos colaboradores da Friday. O fundador também decidiu inserir o método no aplicativo da startup, que tem clientes que como LinkedIn e o Aeroporto de Tampa, nos Estados Unidos.
“Em um nível superficial, parece extravagante, como algo que só as pessoas que estão namorando fazem”, diz Thomas ao portal Inc., “Mas então você começa a usar emojis e percebe que eles são, na verdade, uma forma de comunicação muito poderosa”, completa.
O método se mostra ainda mais efetivo em tempos de pandemia, não só entre funcionários , mas também em ações de marketing e demais canais de relacionamento com o cliente.
Segundo Marcel Danesi, professor de semiótica e antropologia linguística da Universidade de Toronto e autor do livro The Semiotics of Emoji, os símbolos criaram uma linguagem visual que transmite um significado oculto e inconsistente: o de manter as coisas no âmbito da amizade.
A eficácia do uso dos símbolos divertidos na comunicação é provada por neurocientistas: foi descoberto que as imagens funcionam como linhas diretas para certas partes emocionais do cérebro, ultrapassando as etapas de processamento da linguagem para criar um efeito imediato na amígdala, uma parte do cérebro que tem formato de amêndoa e que controla emoções primitivas, como dar respostas de luta ou fuga a determinados estímulos.
Em 2016, foi realizado um estudo que consistiu em medir a atividade cerebral de pessoas utilizando imagens de ressonância magnética funcional, enquanto elas liam frases com emojis. Os resultados provaram que os pequenos símbolos ativam tanto partes verbais quanto não verbais do cérebro, indicando que eles enriquecem a comunicação de maneiras as quais letras e números não são capazes de fazer.
O uso é atual, mas a história é antiga
Apesar de modernos, estando presentes nos smartphones de ponta, os emojis surgiram na década passada. Em 1999, um artista japonês desenvolveu formas rudimentares que eram conhecidas como emoticons e formadas por símbolos já existentes, através da junção dos mesmos. A carinha sorridente “:)” provou que seu legado duraria, sendo muito usada em mensagens de texto. A melhoria nos símbolos chegou com a modernização dos celulares e a Unicode Consortium, grupo que definição de padrões globais para textos de computador, passou a adicionar milhares de novos emojis ao seu catálogo nos últimos 10 anos.
Jeff Wilson é CEO e cofundador da Jupe, startup que produz casas móveis compactadas movidas a energia solar, e enxerga os benefícios do uso dos emojis no dia a dia da empresa. Os símbolos são usados para representar os sete valores da companhia, como por exemplo “Siga os primeiros princípios”, ilustrado por um foguete. De acordo com ele, as imagens são eficientes e divertidas. “Eles [os emojis] comunicam uma quantidade extraordinária de informações e emoções em uma imagem muito simples”, ressalta.
Outra empresas utilizam os pequenos símbolos para melhorar a eficiência. A Oscar Health é uma seguradora de saúde que conta com mil funcionários, e realiza a marcação de determinados departamentos com emojis personalizados no canal de comunicação da companhia. No Hotwire, um site de viagens, os funcionários comemoram as conquistas usando emojis personalizados de sua CEO, Barbara Bates, no show de talentos da empresa.
Fonte: PGNE