Luciane Bernardi
Com a recente veiculação do Relatório Global de Estatísticas Digitais de abril de 2020, desenvolvido pelas We Are Social, Hootsuite e demais empresas parceiras, realizei que a atividade digital em nossas vidas se tornou ainda mais essencial, com sensível aumento do tempo das pessoas conectadas.
O relatório traz a informação de que o número de pessoas em todo o mundo que usam a internet cresceu para 4,54 bilhões, apresentando um aumento de 7%, com 298 milhões de novos usuários em comparação a janeiro de 2019. O estudo contabilizou 3,80 bilhões de usuários de mídia social em janeiro de 2020, com esse número crescendo em mais de 9%, com 321 milhões de novos usuários, desde esse período do ano passado. Ainda, ele aponta que mais de 5,19 bilhões de pessoas agora usam telefones celulares em todo o planeta, com um número de usuários adicionados da ordem de 124 milhões do ano passado para janeiro de 2020, apontando um aumento de 2,4%.
Comportamento do internauta
O usuário médio da internet agora passa 6 horas e 43 minutos on-line todos os dias. Isso significa que atualmente gastamos mais de 40% do nosso tempo na internet, se considerarmos dormir por cerca de oito horas.
Naturalmente, houve significativo aumento no uso de mídias por vídeo, como chamadas por vídeo e videoconferência e, além disso, foi constatado maior adesão ao comércio eletrônico, principalmente para compras de supermercado. Ainda, esse relatório traz claro aumento do tempo gasto com videogame e maior interesse por assuntos relacionados a esportes.
Embora todo o planeta tenha sido devastado por um sentimento comum de pânico e profunda tristeza, sob a ótica da comunicação vimos surgir oportunidades de conteúdo e de publicidade à medida que mais pessoas estão ficando conectadas e por mais tempo. Mas o cuidado com a mensagem e com o propósito da publicidade devem ser redobrados, pois nem todos veem essas ações com bons olhos nesse momento.
Global web Index
Segundo a global web index, em seu segundo estudo multinacional sobre o corona vírus, realizado em 17 mercados entre 31 de março e 2 de abril, mostra como esse quadro está evoluindo. Analisando o impacto na Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Nova Zelândia, Filipinas, África do Sul, Cingapura, Espanha, Reino Unido e EUA, o estudo mostra que os comportamentos estão mudando e as opiniões em relação à publicidade são diferentes.
Segundo esse estudo, cerca de 50% dos respondentes afirmam aprovar marcas que executam campanhas publicitárias “normais” que não estão vinculadas ao coronavírus; apenas cerca de 20% expressam desaprovação, sendo o restante neutro.
O estudo também observa índices de aprovação mais altos, cerca de 80%, para marcas que executam campanhas que mostram como estão respondendo ao coronavírus, as marcas que estão ajudando os clientes.
O conteúdo mostra uma grande variação por país; os consumidores expressam a mais alta aprovação para publicidade “normal” no Brasil, Índia e Itália, neste último caso mais de 60%, em comparação com 40-50% na maioria dos outros lugares. A maior desaprovação é encontrada na Nova Zelândia e na África do Sul, em torno de 25%.
Outros resultados
No relatório, existe pouco impacto e diferença de renda ou gênero. No caso, a idade é um fator influenciador; enquanto cerca de 60% da geração Z aprova, esse percentual reduz a 40% entre os boomers.
Ainda, foram detectados altos índices de aprovação, cerca de 90%, àquelas marcas que dão informações e dicas sobre como lidar bem com esse momento difícil. E, ao mesmo tempo, pontuações baixas (52%) foram dadas às marcas que fazem publicidade tradicional e às marcas que continuam vendendo produtos não essenciais on-line, com cerca de 60%.
Ou seja, vejo sim que existem oportunidades para as empresas se comunicarem no ambiente digital – uma vez que há uma grande audiência online no momento – mas, antes disso, é preciso se fazer algumas perguntas: qual mensagem que a minha empresa quer passar nesse momento? Como ela será vista ou percebida a partir dessa mensagem? O anúncio/campanha/mensagem está alinhado com o propósito e os valores da minha empresa? Fica aqui essa reflexão!
Fonte: Capital Informação